terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Cap. 50 - Operação Bodenplatte




Janeiro de 1945 –  
Mais um ano de guerra chegava ao fim. Sentado na sala do Comandante da base aérea de Gross-Ostheim (Bavária), tragava um charuto e degustava um conhaque para esquentar o frio.
O General amaldiçoava o inverno e também agradecia a ele por conter o avanço dos aliados no oeste. A Wermach atacava pelas Ardenas e com o mal tempo os caças bombardeiros inimigos deixavam nossas tropas em paz.
- Coronel Mutley, mande o pessoal para o descanso, com o retorno das refinarias ao trabalho, recebemos um suprimento de combustível, amanhã teremos um longo dia.
- Sim senhor, pode adiantar alguma coisa?
- Não nada até o momento, é ultra-secreto.
- Boa noite senhor e feliz ano novo.
Deixei o velho com sua amargura e fui para o hangar dormir sob a asa do meu Messerschmitt, a esta altura não tínhamos mais alojamento. Deitado na cama de campanha com o frio as dores na coluna voltavam a incomodar, ainda reflexo do meu último pouso forçado. Tentava conciliar o sono.

As 05:00h da manhã primeiro dia de 1945 fomos acordados pelo estafeta.
- Comandante reunião em 30 minutos na sala do Comando.
- HUMMM ok, nem barba tenho feito mesmo.

Nossa querida Força Aérea Abutres, continuava com dois Grupos, o Grupo de Caças, comandado pelo Tenente Coronel Sipoli  equipado com BF-109 G14


 e o Grupo de bombardeiros  comandado pelo Coronel Pasfar, que devido a falta de bombardeiros, havia sido transformado em Grupo de Caças Bombardeiros equipados com FW-190A9.
Eu ( A00), Sipoli(A01) e Pasfar(A02) seguimos para receber a ordem do dia.

Ao nos apresentarmos junto com os oficiais Superiores dos outros Esquadrões, o General iniciou suas colocações e a leitura da missão para o dia 1 de janeiro de 1945.
- Senhores, realizaremos hoje a operação Bodenplatte, mais de 800 caças decolarão de nossas bases na Alemanha e atacaram 16 bases Aliadas, na Bélgica, Holanda e França. Será o maior ataque conjunto feito por nós no front oeste.
- Nosso intuito é de retomar o espaço aéreo acabando com a força aérea tática dos Aliados, assim a Wermarch poderá prosseguir com seu ataque e empurrar os Aliados até Dunquerque novamente.
Arregalamos os olhos sem dizer uma palavra, mas em nossas almas sabíamos que era uma missão de onde muitos não retornariam. Será que o OKL estava tão desesperado assim, lançando suas últimas reservas em um único ataque?

- Sim senhor estamos prontos(respondi).
- Certo, Pasfar como os FW´s tem mais autonomia, cada um leva uma bomba de 250kg, para destruir tudo que for possível em solo, principalmente os caças aliados que estiverem pousados. E depois metralhe o campo até acabar sua munição, retornando a base.
- Sipoli leva os BF´s com um tanque suplementar, fica de escolta  aos FW e derrube quem ousar levantar voo, depois  escolte os Fw´s na volta.
- Mutley coordena o ataque e na volta marque as coordenadas dos que não conseguirem retornar, assim poderemos tentar o resgate. E continuou pagando as missões dos outros esquadrões.

Batendo com a bengala no mapa, apontou nossa base e uma seta seguindo até a base de Arch na Bélgica, onde nossa unidade atacaria.

Chegamos ao hangar e passamos as ordens ao pessoal de manutenção, para preparar os aviões, nos reunimos com os pilotos e passamos nossas ordens.
Formação de combate Força Aérea Abutres
Comandante Mutley, ala Falke voando BF 109 G14
1º Grupo de caças equipados com BF 109 G14
Sipoli, Fred, Firagi, Rubens, Thomas, Eject, Deadly, Sseal, Monteiro e Biber.
2º Grupo de bombardeiros equipados com FW 190 A9
Pasfar, Viguel, Madog, Josphe, Zoiudo, Sorrentino, Gege, Marcos, Daniel e Wilker
Decolaríamos em 22 aviões, estávamos reduzidos a 22 pilotos, se nosso mascote Rabugento soubesse pilotar, ele também seria escalado para a missão.



Café terminado as 08:00h vestimos nossas roupas de voo, decolamos as 09:00h rumo noroeste para a Bélgica, depois de muitos dias de tempo ruim, finalmente tínhamos um dia bom.











Voamos a 120m de altura por 220km, Falker era meu ala.
Quando chegamos às proximidades do alvo, subimos todos, o 2º Grupo do Coronel Pasfar subiu até 2500m para mergulhar e lançar as bombas de 250kg. Os dez BF`s do Sipoli ficaram a 500m para pegar algum caça decolando eu e Falker ficamos a 2k para coordenar os ataques.
Quando terminei de subir comecei a circular o campo de aviação inimigo, e como esperávamos a flak aliada ainda comemorava a passagem de ano.
- Pilotos de BF, drop your babys. ( ejetar os tanques de combustível suplementar).
- A00, 2º Grupo em posição( Informou o Pasfar).
- A00 ciente.
- A00, 1º Grupo em posição ( Informou Sipoli)
- A00 ciente.
- A02, ataque Já!
- 2º Grupo mergulhando, voo picado agora! (Comandou o Pasfar).
Em sincronismo perfeito um por um os 10 FW fizeram a inversão e mergulharam escolhendo seus alvos.

Foi neste ponto da missão que a voz que acompanha todo guerreiro começou a questionar.
-Tá calmo demais, presta atenção( a voz em minha cabeça), aguarde o inesperado, olhe em volta.
O Campo era em forma de cruz e Pasfar atacava no sentido leste oeste. Na ponta sul da pista uma esquadrilha de 12 P-51 preparava para decolar de frente para o vento que vinha do norte, até ai tudo bem tava no papo.

Olhei mais atento e 20 P-47D voavam em espiral ganhando altura 5 milhas ao norte da base antes de irem bombardear  e streifar nossas tropas.
A batalha começou, não tinha como deter o Pasfar, e as bombas dos FW caíram sobre hangares e a flak. Despertando todo o torpor no campo, nos pilotos aliados e em nós mesmos, da calma manhã que tínhamos até então nada mais restava. No solo a correria se espalhou.

Quebrei o silêncio rádio e informei aos líderes de grupo a situação.
-A00 para A02, 2º Grupo, após jabar (lançar as bombas)suba para 3k, grupo de P-47 se aproximando  do norte. Peguem estes caras.
- Ciente( respondeu Pasfar)
- A00 para A01, vários P-51 decolando da cabeceira sul, 1º Grupo ataque Já.
- Ciente ( respondeu Sipoli)
-A00 para A09(Falker), vamos mergulhar  nos  P-47, para distraí-los.
Eu e Falker fizemos a inversão e mergulhamos atrás de dois P-47, que mergulhavam para ir atrás do Sípoli e Fred. Não conseguimos chegar perto, as 9 toneladas dos P-47 que já haviam alijados as bombas ganhavam muito mais velocidade comparadas as duas toneladas dos nosso BF´s.
Sipoli e Fred acabavam de pegar dois P-51 que estavam decolando.
- Sípoli e Fred inimigo na six, tesoura neles para aproximarmos.
Os P-47D não eram aviões de curvas como nossos BF´s, eram aviões de energia, com as tesouras de Sipoli e Fred, ficou muito fácil ficar em vantagem.
Com os P-47 tentando acompanhar as Tesouras de Sípoli e Fred, Eu e Falke chegamos neles e com rajadas de 2 segundos danificamos e colocamos fora de combate, aproveitando a velocidade do mergulho subimos para ganhar vantagem novamente.

O Rádio estava um inferno, pedidos de ajuda surgiam junto aos gritos de horrido dos que tinham suas vitórias.
Pasfar, Viguel e Sorrentino  abateram mais alguns P-47, com seus poderosos 4 canhões de 20mm.
- Olhei para trás e lá em baixo Maddog e Josphe estavam em apuros com os P-51 em seu encalço. Mas logo Deadly, Thomas, Eject e Gege chegaram para livrar seus amigos.
- Ordenei retirada e rumar para o ponto de encontro.
A Flack inimiga iniciou o seu trabalho. E alguns dos nossos foram derrubados.


Os Thunderbolts e Mustangs esboçaram uma perseguição, mas desistiram com medo de alguma armadilha.

E assim retornamos para casa, com o gosto amargo de quem perde amigos em combate, e a certeza de que o fim se aproximava.





Nota do autor: A operação Bodenplatte foi um fracasso, os Alemães destruíram 144 aviões e danificaram 62, para isto perderam 200 aviões e pilotos que não poderiam ser repostos a esta altura da guerra. Sofrendo inclusive perdas por fogo amigo, onde a própria Flak Alemã que guarnecia as bases das bombas V2 e que não fora informada sobre a passagem de seus caças, derrubou vários deles.


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