terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Cap. 16 - Atrás das linhas inimigas. Por Mutley

Julho 1943, território de Kusk (Operação Zitadelle).

A maior batalha de tanques da história estava sendo travada, com as fileiras de T-34 avançando sobre nossos Tiger e Panthers. O1º Grupo de aviação Abutres operando de um
aeródromo bem perto de nossas tropas terrestres, estávamos exaustos, realizando cada piloto seis a sete missões por dia.

Quando chegamos a este campo e pousamos os nossos aviões, descobrimos que nosso pessoal de terra estava preso na lama, sem chance alguma de nos alcançar aquela noite, teríamos que dormir na barraca do refeitório. Não fossem as habilidades dos Pilotos da Abutres, que descobriram perto da base um acampamento ainda não ocupado e montado como PC de um General de uma Divisão de Infantaria da Wehrmacht. Fiz vista grossa enquanto os piratas da Abutres, recolhiam tudo que conseguiram carregar.


Acabamos a noite bebendo vinho e esquentando o frio com um assado na fogueira.
Na manhã seguinte, eu recebi as ordens do dia para o 1º GAV Abutres das mãos do General Wolfram Vom Richthofen, e decidi que o 1º Esquadrão caças do Major Sípoli escoltaria os novos He 129b destruidores de tanques da unidade comandada pelo Capitão Bruno Meyer,
O 2º Esquadrão de Bombardeiros do recém promovido Tenente Coronel Pasfar voando BF-110 atacaria a artilharia no mesmo setor da unidade do Meyer.

E eu faria voo solo de reconhecimento já preparando a missão do GAV para o dia seguinte com a previsão de avanço de nossas tropas.



Fui até a torre do aeródromo e atirei com a pistola sinalizadora a luz verde para que os Abutres partissem de encontro aos seus objetivos do dia.


Após enviar mais uma solicitação ao Alto Comando para termos na frente Russa o 3º Esquadrão de interceptação e ataque da Abutres, fui ler a correspondência do Capitão Maddog falando sobre os novos aspirantes que estavam se saindo muito bem no front ocidental, alguns na iminência de serem promovidos ao oficialato.


Em seguida parti para o abrigo da Abutres, já equipado com macacão de voo e paraquedas, onde a tripulação de terra terminava de preparar o meu
BF-109F4 (Fritz), de numeração Abutres 00.

Aeronave pronta, armada e abastecida, portando uma poderosa câmera fotográfica de reconhe
cimento.



Subi ao cockpit, terminei de equipar e o mecânico fechou a cabine. Acionei o motor e após esperar o aquecimento, taxiei em zigzag ( o nariz do BF dificulta a visão da pista na decolagem) até a cabeceira da pista. Olhei em direção ao sol e verifiquei dois pequenos pontos, que eram os caças que ficavam de CAP sobre nossa base para o caso dos Russos aparecerem, ultimamente perdemos muitas aeronaves surpreendidas na decolagem ou destruídas quando pousadas. Uma dobra da mochila do paraquedas incomodava quando eu apoiava no encosto, mas agora era tarde para pensar nisto.
Avistado o tiro verde, acelerei os 1300hps do meu motor Daimler-Benz, chegando a 180km/h, baixei os flaps, eu e minha máquina ganhávamos os céus. Curvei a esquerda recolhendo o trem de pouso, após me livrar do trafego da pista, rumei para meu objetivo, subindo a 310km/h rapidamente cheguei a 5000m. Aproado para 110º, segui para os alvos de fornecimento inimigo(Train Station) onde a Abutres deveria bombardear no dia seguinte.

Céu azul, minha vigília rotineira por dots no céu era interminável, mexia o caça para a esquerda para ver se tinha algum inimigo na six baixa, depois aproava a aeronave novamente e iniciava a busca da esquerda para a direita, passando os olhos pelos mostradores do painel, velox, alt, fuel, temp, tudo checado em um piscar de olhos, e assim era a vida de voo solitário, sem um ala para dividir o céu em quadrantes de busca, eu era o único responsável por minha segurança e o sucesso da missão.

Mapa aberto sobre a perna, identificando os acidentes geográficos, fui passando o front, que estava encoberto pela poeira levantada pelos tanques, uma hora depois avistei o vale onde deveria estar a estação de trem que seria nosso alvo no dia seguinte.


Concentrado em tirar as fotos, fui surpreendido por um barulho de motor que aumentava rapidamente, instintivamente fiz um break a esquerda e tiros traçantes verdes passaram a

minha direita, logo em seguida um Mig 3 passo por mim sem conseguir acompanhar minha curva repentina, seguido por dois MC 202.

Recuperado do susto, observei que o Mig já estava subindo para se preparar para um segundo BZ, e deixava para trás os MC-202, abandonei as fotos e inicie uma chandele. O piloto do MIG me perdeu ou achou que eu tivesse mergulhado para fugir. Ele se concentrou nos dois Folgore que agora penavam para subir, com seus fracos motores. O Mig se posicionou como uma ave de rapina e preparou o bote, iniciou o mergulho, eu antecipei suas intenções e já estava mergulhado em direção aos Folgore, tentei avisá-los pelo rádio, mas foi inútil, eles estavam em outra frequência.


O Líder do elemento de caças italianos reagiu a tempo e quando o MIG passou por eles atirando, eles abriram a formação e seguiram novamente o Mig em seu mergulho. Manobra errada, o ala não deveria ter mergulhado junto com o Líder e sim subir para manter a superioridade.



Como eles não me viram, tive que desviar um pouco para cima o meu mergulho rezando para que eles não pensassem que fosse outro Russo mergulhando neles e passei por eles a 700km/h, fui me aproximando do Mig que já estava nivelando e preparando para subir novamente as sinistras estrelas vermelhas aumentando de tamanho, mas os controles do 109 congelaram e eu não consegui recuperar , a não ser a 100m do solo( erro meu, demorei a reduzir a aceleração do motor no mergulho), iniciei uma subida não muito intensa para recuperar energia, e ao buscar o MIG verifiquei que ele estava próximo e fugindo na proa da sua base. Continuei a perseguição e atirei algumas vezes com as metralhados mas sem sucesso. O Mig conseguiu alinhar para pousar em sua base, e eu subi para não ser pego pela flak. Assim que terminei de subir a uns 3000m ao checar a six, tinha uma Rata (I-16) mergulhado para me enquadrar, eu desacelerei e embiquei a aeronave, dando leme a esquerda, realizando uma perfeita fuga de Hartman, saí mais baixo e com a proa 045º da proa anterior, o Russo ficou louco me procurando, fechei o radiador e ap
ertei a injeção de metanol e iniciei um mergulho em busca da preciosa velocidade. Em pouco tempo estava tão rápido que a Rata ficou para trás, fui subindo bem lentamente para não perder energia, sempre de olho na Rata. Quando estava 2000m acima do nível da Rata, iniciei uma ampla curva em sua direção, sem perder energia a distância se encurtou, a Rata teimava em tentar subir e ficou em total desvantagem quando estolou, eu passei por ele com uma rajada das MGs e dos canhões,


arranquei uma asa e ele continuou seu parafuso com o motor fumando, ainda vi o paraquedas do piloto russo se abrir. Recuperei do mergulho e inicie o retorno para a proa 270º.


Mesmo verificando no mapa, percebi que estava totalmente perdido, sem referências. Depois de 30 min voando para o oeste, encontrei um rio que parecia com o rio que estava no mapa e logo adiante uma base, iniciei os procedimento para o pouso, havia uma fila de aviões na final para o pouso. Pareciam Stukas, alguns com fumaça ou combustível vazando. Para minha surpresa a flak da base começou a atirar, imaginei que tivesse algum russo nas proximidades da base, e pela proximidade dos tiro deveria estar bem perto de minha posição. Como estava quase sem fuel, optei pelo pouso e fui me aproximando do último da fila, na minha asa esquerda três caças voando em formação V se aproximavam também para o pouso, olhei para frente e tiros verdes vinham em minha direção, olhei com atenção e não era um Stuka na verdade eu estava no final de uma fila de IL2 alinhados para o pouso, e a base era Russa e o alvo daFlak era eu, Murmurei:


Fedeu, fedeu, fedeu...



Como ainda tinha munição e o Il-2 crescia no meu colimador, apertei os dois gatilhos despejando tudo que tinha, mas o tanque alado Russo não caiu, acelerei fechei o radiador e mergulhe para ganhar velox, cheguei na altura da copa das árvores, os dois caças desistiram do pouso e vieram em minha perseguição, iniciei umas tesouras e o primeiro me ultrapassou apertei os gatilhos mas estava zerado de munição, quando olhei para trás o outro Yak já estava atirando, fui atingido com vários buracos em minha asa direita, o para-brisas cheio de óleo e aquele característico barulho de metal dos motores desprovidos de lubrificação, os casquilhos moídos entre a árvore de manivela e os macais.


Fiz minha chamada de socorro na frequência designada e continue ganhando velox, já sem chance devido a baixa altitude de saltar de
paraquedas. Avistei uma pequena praia ao lado de um rio, o coração da aeronave parou de bater e não tendo outra escolha, ditchei enterrando o nariz do 109 na lama. Abri a cabine e saltei, retirei o paraquedas, olhei para o alto e um Yak já vinha na minha direção, corri em direção a vegetação e logo o BF 109 explodiu.


Os Yaks me largaram e como deviam estar com pouco fuel seguiram para sua base. Lembrei do curso de sobrevivência da Luftwaffe e inicie pela sigla ESAON ( Estacione, sente-se, alimente-se,
oriente-se e navegue), para ser usado em fuga e evasão de território inimigo. Sai da mata em um pasto e ao longe uma casa simples de camponeses, fui em sua direção quando ouvi tiros de vários calibres. Eu estava perto de uma escaramuça entre tropas dos dois lados, bem perto do front, retornei para a floresta. E aguardei a noite chegar para alcançar nossas linhas. Aproveitei o tempo que restava, para enterrar os mapas da missão do dia seguinte e verificar meu equipamento, água, ração e principalmente minha Luger 9mm parabellum.



Enquanto isto Sípoli e Pasfar já haviam voltado de sua missão e receberam da estação de rádio a notícia do meu Mayday. Foram ao deposito de armas automáticas e se muniram de Sub metralahdoras Schmeisser MP-38
juntaram-se Fred, Rubens, Gege e o Fake apareceu dirigindo uma meia- lagarta roubada do pessoal da Anti- aérea.






Partiram em direção ao front, doidos para lutar como infantaria, mas eu já havia me evadido e retornava a base de carona em uma moto com side-car pilotada por um mensageiro,


nos encontramos na estrada e na volta abandonamos o caminhão fora da base, entramos como se nada tivesse acontecido, assobiando a canção que nos acompanhava desde o início " Lili Marlene".

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