domingo, 15 de janeiro de 2012

Cap. 17 - Para o alto e a vantagem!

Patrulha na nossa base
Os soldados que patrulham nossas bases, protegendo nossos aviões de sabotagens são heróis, ficam em pé, seja sob sol, ou sob chuva, aos pilotos de caças o assento do seu avião pareceria um trono para esses soldados. E o seu avião o castelo!

Erich Alfred "Bubi" Hartmann explicando suas táticas em um almoço da Luftwaffe, reparam no meu bigode? 


Em uma conversa com Erich Hartmann ele expôs suas táticas de combate, anotei cada detalhe... gravei em minha memória cada curva, cada aceleração, a hora de desengajar... eu estava diante de um dos maiores ases da Luftwaffe, um ídolo, era difícil manter a concentração estando perto de uma pessoa a qual se admira tanto. Fiz um esforço épico, mantive a calma, o foco e aprendi tudo o que pude, ao retorna ao campo de batalha abri meu caderno de anotações e li várias vezes, até anoitecer, as dicas do Hartmann. Estas táticas precisam estar encravadas nos meus ossos, a ponto de eu não precisar sequer pensar para colocá-las em prática:

  • " Eu nunca dei muita atenção ao combate aéreo. Eu nunca combateria os russos em um dogfight. Surpresa era minha tática. Suba o máximo que puder, e se possível, ataque pelo Sol ... noventa por cento de meus ataques foram ataques de surpresa. Se obtivesse sucesso, daria um tempo e observaria a área de novo. "

  • " Encontrar o inimigo depende apenas de se estar onde a ação está acontecendo e numa boa percepção visual da área. As estações de terra nos chamam pelo rádio e dão a posição dos inimigos utilizando um sistema de coordenadas de nossos mapas. Assim podemos procurar na direção correta e escolher a melhor altitude para o ataque. Se o céu estiver encoberto, prefiro atacar com toda a potência, por baixo e do lado do Sol, porque assim você pode vislumbar o inimigo de muito longe contra a nuvem branca. Quem vê o outro primeiro tem 50% de chance de obter a vitória. "

  • " A segunda parte de minha tática é o ponto de tomada de decisão. Isto é, você vê o inimigo e ataca imediatamente, ou espera obter uma melhor vantagem ou manobra na tentativa de obter uma melhor posição ou finalmente decide não atacar. Por exemplo, se você tem que atacar o inimigo contra o Sol, se você não tem vantagem da altitude, se o inimigo esta voando fora das nuvens, mantenha-o sob controle longe o suficiente de modo que você possa modificar sua posição relativa ao Sol ou às nuvens, e mergulhe para trocar altitude por velocidade. Só então ataque. Não importa se é uma aeronave solitária ou um grupo de aeronaves em formação. O importante é destruir a aeronave inimiga. Manobre rapida e agressivamente, atire de perto, o mais perto possível, de modo a garantir que seus obuses atinjiram o inimigo, sem desperdiçar munição. Eu falo a meus comandados: Só atire quando a aeronave inimiga preencher toda a sua visão "
  • " Finalmente, abandone a área. Se você atirar e sair, pense em sobreviver. Observe sempre às "seis horas". Livre-se dos potenciais atacantes, ou descubra um novo ponto para reengajar no combate, mas só o faça de novo se você tiver alguma vantagem. "
Minuto após minuto as dicas iam se instalando em mim, pensava: "Por que me arrisco tanto? É só manter a vantagem, sempre!"



Era uma manhã ensolarada de junho, calor forte, o status da base era "Charlie 2", em dois minutos o avião tem que estar no ar, portanto ficávamos de prontidão ao lado de nossos aviões.

Era folga do Capitão Ribeiro, e ele se aproveitava ao máximo disso, jogando seu truco!

TRUCO! Ladrão!

O alerta soou e corri para entrar em meu avião, mas para onde deveríamos ir? A torre informa que temos notícias de que alguns I16 Polikarpov estão atacando ao norte de nossa posição, em voô rasante. Gritei pelo meu companheiro Ribeiro para decolarmos em ala, "QUER IR RIBEIRO? SE QUER QUE SEJA RÁPIDO! E ele deu o gritoo de TRUCO, e ainda por cima ganhou! Bom sinal pensei, aliás, dois bons sinais, se os I16 estão rasantes já coloco em prática uma das táticas, voar sempre acima do inimigo, dessa vez jurei que não teria problemas com a questão da vantagem. O capitão Ribeiro nunca rejeita um voô.

Capitão Ribeiro em seu 109 Copas!

Foi incrível o que o Capitão Ribeiro fez, em 45 segundos ele estava vestido com o uniforme de voô e dentro de seu avião com o Copa pintado no nariz, aliás foi esse naipe que lhe valeu a vitória no truco 45 segundos antes!

Major Sípoli recebe as últimas informações sobre os I16 antes da decolagem
Prontos para o combate fomos para cabeceira, meu mecânico sempre clamou por uma volta no Bf109, cumpri uma promessa antiga e o levei até a cabeceira em cima da minha asa enquanto ele me ajudava na difícil tarefa de se enxergar a frente neste tipo de avião.



Decolamos rapidamente, atingimos 3000m num piscar de olhos e formamos ala como diz o manual, ou como diz o Cap Ribeiro, "voando como profissionais!".



Vejo alguns dots a cerca de 2000m, aviso o Ribeiro que farei um primeiro mergulho enquanto ele mantém a altitude, passo a 650km/h pelos dots mas eram 3 Bf109, penso nas dicas de Hartmann e volto a subir o mais rápido possível... onde estariam os I-16? Enquanto subo aviso Ribeiro pelo rádio que não encontrei o inimigo, mas enquanto falo e olho ao redor encontro o I16, estava na direção leste, proa 100, com 3 Bf109 na seis... esse vai morrer, pensei, não resistirá contra 3 Bf109 e seus maravilhosos canhões, admirando o furball de 1500m de altura vi que os Bf109 entraram no jogo do I16, curvavam feito loucos, perderam a vantagem... droga! Avisei ao Ribeiro que faria uma segunda passada, típico Boom and Zoom, atirar e sumir.

I16 Policarpov.
Algumas vezes o I16 chega a ficar ao lado dos Bf109, eu me arriscava tanto assim na ânsia de conseguir um abate? Como sou idiota!

Mergulhei, com o I16 a cerca de 500m de distância, era pouco e muito ao mesmo tempo, preciso administrar minha energia. Vou me aproximando e vejo os 109 dispararem seus canhões como loucos... não acertavam, enquanto isso eu chegava: 400m, 300m... 200m, passo todos os Bf109 quando o I16 faz uma curva para esquerda, uma rajada rápida de um dos 109 o obriga a virar para a direita, 100m de altura, 100m de distância, ele faz a curva passando pela frente do meu 109, aperto o gatilho por 1 segundo e BOOM! A asa direita do I16 explode em chamas, ele descreve um touneaux forte para direita, esse já era, a fumaça preta do fogo no combustível deixa um rastro enorme no céus, ele começa a desenhar em preto no céu azul, vai cair, não perco tempo, lembro das dicas de Hartmann e torno a subir, nem faço questão de ver a explosão do I16 contra o solo, alguns segundos depois, pelo rádio, o Ribeiro me confirma a vitória, ele caiu! Não saltou, estava baixo demais, arriscou demais.

Quem era? Não sei ainda, como o combate é próximo de uma de nossas bases eu acredito que nossos soldados irão verificar o abate.

Avisamos a torre do nosso retorno, não há mais inimigos na área, faremos um pouso em nossa base e não sobre a qual estamos combatendo, retornamos não sem antes fazer uma passagem pelo base que defendemos, o balançar das asas avisa ao pessoal de solo de minha vitória, eles acenam como se tivéssemos vencido a guerra! A união entre os mecânicos e seus pilotos é algo de irmãos, não dá para explicar!

Pessoal de solo da base que defendemos retribui ao aceno das asa que indicava o abate
Antes de pousar em minha base faço um rasante muito rápido, cerca de 500km/h "abanando" as asas loucamente, o pessoal de solo explode em alegria, meu mecânico pula feito louco... esse pessoal é demais!


Ao pousar tenho uma ótima recepção, novamente bebemos até quase não conseguirmos mais ficar em pé!


No dia seguinte recebo mais uma marcação no leme indicando que outro avião russo foi ao chão!


No mesmo dia as tropas alemãs chegam ao I16 abatido, a documentação encontrada junto ao corpo do piloto indica, era o ás Russo K0KC. A medalha de caçador de ases receberei novamente.



Destroços do I16.


Um comentário:

  1. Parabéns aos Pilotos Sípoli e Fred, pela disciplina e por mais um capítulo de o Céu se lembra.

    Medalha concedida Major.

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