domingo, 19 de agosto de 2012

Cap. 43 - Stuka vs Tempest

O carro deslizou lentamente pelo asfalto até apontar para uma das dezenas de garagens daquele bairro residencial. Quase que ao mesmo tempo, duas portas se abriram e um casal saiu de seu interior. Por um breve momento, eles ficaram parados ali mesmo, olhando para a grande casa que intimidava a qualquer pessoa que passasse a sua frente.
– Vai ser difícil encarar está casa sem ele, Ana. – Disso o motorista com as mãos na cintura.
– Eu sei, querido! Ele praticamente a construiu – retrucou a mulher ao seu lado, que completou. – Mas teremos de enfrentar, os médicos não foram muito otimistas hoje.
– É verdade – respondeu Eduardo com um ar de desânimo.
– E então, vai querer mesmo mexer nas coisas dele? Ele nem morreu ainda. Podemos fazer isso outro dia, amor. O que acha?
– Não, quero fazer isso hoje. Quero relembrar a sua estória com ele ainda vivo. – Eduardo retrucou com firmeza a sua esposa, que não discutiu.
Ambos então caminharam para uma das garagens da casa, onde o velho guardava as suas coisas. Após um clique do controle remoto de Eduardo, o portão de madeira começou a se abrir. O primeiro rangido foi bem alto, pareceu até que ele não se abriria. Mas, aos poucos, o motor elétrico venceu o atrito e a luz foi revelando o perfil de um ambiente caótico.
– Nossa, que confusão. Há meses que eu não entrava aqui – confessou Ana.
– Também não sabia que estava assim. E não sabia que ele tinha tanta quinquilharia guardada.
– E o que você está procurando exatamente, querido?
– Lembranças, apenas lembranças!
Foi difícil decidir por onde começar, mas uma fenda por entre os estojos deu a eles uma dica. E por ali avançaram, um atrás do outro, com Eduardo à frente seguido de perto por Ana que às vezes se apoiava no marido para não se desequilibrar.
Lentamente, o local foi se revelando: objetos grandes, objetos pequenos. Objetos conhecidos, outros nem tantos. Uns embrulhados, outros jogados. Mas tudo tinha algo em comum: eram velhos, muito velhos.
A cada passo, Eduardo parava para observar este estranho mundo numa busca por algo que trouxesse seu pai a mente, mas só via confusão. Confusão que revelava a mente perturbada de um ex-combatente da segunda guerra.
Mais ao fundo, onde a luz da rua já perdia para a escuridão, Eduardo avistou uma caixa diferente das outras. Uma caixa muito bem embrulhada, lacrada e colocada cuidadosamente num canto da garagem.
Ele empurrou, afastou, se arranhou, espirrou... até alcançar o seu objetivo. E ali mesmo, sentados em bancos improvisados, os dois cortaram o lacre da caixa.
– Veja, querido. São fotos!
E como crianças cheias de curiosidade, começaram a remover o seu conteúdo.
– Olha o Klaus aqui, e cheio de cabelo. Que engraçado! Quando me casei com você, ele já era carequinha.
– É, meu amor. Meu pai já teve cabelos um dia.
– E essas pessoas aqui, quem são?
– Bem, são meus tios. Aqui é o meu avo, minha avó...
Eram muitas fotos, muitas fotos de família: tios, avós, primos, amigos... Fotos que trouxeram muitas lembranças há muito apagadas pelo tempo. Mas Eduardo mostrou espanto quando achou um monte específico de fotos.
– Olhe, amor! Era isso que estava procurando.
– Deixe ver! Que fotos são estas?
– Da Segunda Guerra. Veja!
Eduardo passou os olhos bem devagar em cada uma delas e, aos poucos, recordou das noites em que seu pai ia a sua cama para lhe contar estórias sobre a grande guerra. Lembrou principalmente do jeito especial que Klaus fazia com as mãos para imitar o movimento dos aviões no céu. A cada mergulho do Stuka de seu pai, a mão direita do ex-combatente, marcada com uma grande cicatriz, passava perto de seu rosto, que ficava com os olhos arregalados. Tudo acompanhado de uma sonoplastia muito barulhenta.
– Vrummmm....
– Buuummmm...
– Tra, ra, ra, ra, ra...
Ele lembrou também de uma coisa que seu pai sempre repetia:
– Tá vendo isso aqui, meu filho? Na minha mão? Foi um demônio de corpo listrado que fez isso comigo. Ele me perseguiu cuspindo balas de fogo, e uma delas atravessou todo o meu avião para me atingir. Mas eu voltei para casa, e ele não. Tudo graças ao meu amigo. Grande homem! Por onde será que ele anda
Mas uma coisa escapava a memória de Eduardo:
– Como foi mesmo a estória da mão dele, você lembra? E como se chamava esse amigo que ele tanto falava?
– Sinto muito, amor. Foram tantas estórias que tudo para mim era uma grande confusão.
– É verdade. Chegou uma hora que ele misturava tudo.
Eduardo e Ana começaram a arrumar as fotos com muito cuidado, exatamente como haviam encontrado. Mas quando estavam prestes a fechar a caixa e se desligarem do passado, uma foto no fundo da caixa chamou a atenção de Eduardo. – Espere, há mais uma foto aqui. Olhe, amor! Esse cara aqui, lembro-me bem dele. E lembro-me também da estória da mão.
– Sipoli, vê alguma coisa aí?
– Por aqui, nada! Céu de brigadeiro – uma voz que veio do Stuka ao lado respondeu pelo rádio, acompanhado de muitos chiados. – A emoção está lá na frente nos esperando, Klaus! Não tenha pressa!
– Você realmente não é nada animador. E vocês dois aí a trás, porra. Vêem algo?
– Aqui, nada! – berrou outra voz, também vinda pelo rádio. Era o gunner de Sipoli respondendo.
– E aqui também não, nada – foi à vez do gunner de Klaus, mas este não usou o rádio. Respondeu aos berros dentro da cabine quente e barulhenta do fadigado Stuka.
– Então vamos calar as nossas bocas e vamos voar – ordenou Klaus.
A missão era difícil. Os dois aviões carregados de bombas e combustível tinham de voar na proa “West” sobre uma longa floresta muito bem patrulhada, motivo de estarem “lambendo” a copa das árvores. Sobre esse mundo verde, tinham de encontrar uma perna de rio para segui-la por um tempo até dobrarem à esquerda na segunda ponte. Oitenta quilômetros estrada acima estaria o alvo, um acampamento aliado ao lado de uma pequena vila.



Os desafios eram muitos: se acharem no mapa, achar o rio, achar a estrada, depois a vila, depois o alvo... Tudo isso sem serem achados pela patrulha aérea ou uma artilharia antiaérea qualquer perdida no meio do caminho. Naquela altitude de vôo, seria fatal.
Já voavam por duas horas, e aquele oceano parecia não ter fim. Estavam cansados do silêncio e da monotonia da paisagem. Mas ao olhar para a asa direita, Klaus percebeu uma pequena fenda na copa das árvores, que foi aumentando á medida que se aproximavam. O silêncio foi então quebrado.
– Alguém quer água?
– Não.
– Também não.
– Nem eu.
Responderam todos sem perceberem a ironia do comandante, que voltou a falar. – Seus imbecis! Eu falei água. Olhem para ás nossas 3 horas. É a porra do rio, caralho! Vamos para cima dele.
Em perfeita sincronia, os dois aviões executaram uma curva para a direita e voaram para a ponta do rio. De lá, e quase molhando as meias, seguiram sobre a água cristalina. Também tiveram de mudar o tipo de formação. Estavam agora em linha com Klaus à frente, pois a largura do rio não permitia mais o vôo lado a lado.
– Quanto tempo sobre o rio? – Perguntou um deles.
– Não sei, o mapa não é exato, e as informações não são claras. – disse o navegador.
– São duas pontes?
– Sim, duas pontes.
Após a rápida conversa, o silêncio voltou a imperar no rádio e, mais uma vez, a monotonia tomou a tripulação. Só se ouvia o som dos motores ecoando nas árvores que se erguiam além de suas cabeças. Abaixo, o reflexo de seus aviões tremulava na superfície irregular do rio. E acima, o céu azul que agora parecia tão ameaçador.
Uma hora e meia, e nada. Nada de pontes, nada de estrada, nada de inimigos... Klaus começou a se perguntar se tinham avistado o rio certo. E se fosse o errado? Onde estariam então?
No segundo avião, o piloto gesticulou para o gunner do primeiro se estavam no caminho certo. Esse, por sua vez, berrou dentro do avião:
– E aí, comandante. Sipoli quer saber se esse mapa não tâ de cabeça pra baixo.
Rapidamente, obteve a sua resposta. – Vai à merda! – O gunner então se virou para trás e deu de ombros para o avião ala.
Klaus se sentiu pressionado. Olhou para o relógio e para o ponteiro do combustível. Pensou até se o mapa não estaria realmente de cabeça para baixo. Resolveu então que iriam retornar se não encontrassem o caminho certo em meia hora. Mas alguém gritou:
– Mas que merda é aquela lá no meio do rio?
– São destroços – gritou Sipoli pelo rádio.
Eram os primeiros sinais de combate. Duas grossas pilastras que nasciam de dentro do rio apareceram logo à frente.
– É a primeira ponte, os miseráveis a destruíram. Com certeza a segunda também estará. Gunners, fiquem atentos para movimentação inimiga às margens.
O vôo, agora mais tenso do que nunca, continuou com todos em estado de alerta. Pelo menos, agora, Klaus sabia que estavam no caminho certo. Era uma questão de tempo para a segunda ponte aparecer em seu caminho.
E não demorou muito. Em pouco mais de vinte minutos, o rio revelou a segunda ponte também em ruínas. Daquele ponto, dobraram para a esquerda como planejado seguindo a estrada asfaltada.
– Senhores – anunciou Klaus, – o alvo está logo à frente. Mais uns dez minutos de vôo. Precisamos sair da toca para ganhar altitude. Sipoli, vamos subir!
– Positivo, Klaus! Tô junto de você.
Então, o ronco dos motores aumentou e os aviões apontaram para o céu. Lentamente, e com muita dificuldade, foram ganhando altitude. Altitude que precisavam para localizar o alvo a fim de mergulhar para largarem as suas bombas. Mas a manobra teria um preço: iria colocá-los à vista de qualquer inimigo que voasse por ali.
– Klaus, alguma cosa?
– Não, Sipoli. E você?
– Também não. E quanto a vocês aí a trás?
– Nada.
– Também nada.
Mas em meio à conversa, um alarde – Alvo logo abaixo. Na estrada, bem na curva.
– Positivo, contato visual. Sipoli, está mais do seu lado, mergulha primeiro que vou depois. Boa sorte, cara!
– Boa sorte pra vocês também – e o Stuka mergulhou já em meio flak que estourava ao seu redor. No entanto, do mesmo jeito que usaram a floresta como escudo, um demônio de corpo listrado também usou, e os seguia há algum tempo.
– Caralho, que porra é aquela! – dois segundos se passaram até Klaus identificar o vulto que se aproximava do Stuka que atacava. – Sipoli, é a porra de um Listrado. Aborta a porra do mergulho e sobe. – Listrado era como chamavam o Tempest, um avião aliado fortemente armado com quatro listras em sua fuselagem.
Sipoli gritou de volta já ouvindo o som de seu gunner disparando. – Negativo, tô com o alvo na mira. Se não for agora, não vai nunca. Dê cobertura!



Klaus embicou seu avião na traseira do Tempest e não perdeu tempo em atirar, apesar da distância. Suas balas acertavam o Listrado que, apesar de sua forte blindagem, curvou para um lado abandonando o ataque.
– Sipoli, bomba e estica que ele saiu do seu rabo.
– Positivo.
Aproveitando o mergulho, Klaus também passou e largou as suas bombas. Mas o Listrado não tinha ido embora. Ele completou a sua curva indo agora para cima do Stuka líder, já que o seu ala esticara em direção a segurança da floresta. Foi à vez do gunner do Klaus trabalhar.
O combate não foi desigual. O Stuka era mais lento e com armas mais fracas, mas sendo bem pilotado, curvava muito mais que o pesado Tempest, dificultando assim o ângulo de tiro do inimigo. Eles então ficaram por alguns minutos curvando em busca de um bom tiro.
– Onde você tá, Klaus.
– Na merda, na merda...
– Eu vou voltar então.
– Não volte, ele vai matar os quatro.
Um bate-boca se desenrolou em meio ao “dog” que parecia não ter fim. Klaus gritava com Sipoli ao mesmo tempo em que gritava com o seu gunner. Tudo abafado pelo som das balas que iam e vinham dos dois aviões. Mas, repentinamente, o gunner do líder parou de atirar.
– Porra, porque parou de atirar? Essa merda travou?
Não obteve resposta, e Klaus não insistiu mais em perguntar quando percebeu a enorme quantidade de sangue que escorreu sobre o assoalho de seu avião. Ele sabia o que havia acontecido ao seu fiel escudeiro, mas não houve tempo de se lamentar.
– Ahhhhhhhhh... Filha da puta!
Uma bala do Tempest atravessou todo o cansado Stuka até atingir a mão direita de seu piloto, que sentiu pela primeira vez na guerra que o fim estava próximo. Com dificuldade, trocou de mão e voltou a curvar com o inimigo que tentava a todo custo dar o tiro final. Foi quando um terceiro avião se juntou ao “dog”. Klaus conhecia muito bem o som daquele motor.
– Fica firme aí, cara. Que tô nele.
– Positivo – respondeu Klaus tentando manobrar seu avião de mão trocada.


Agora o Listrado estava em clara desvantagem. Se tentasse engajar um dos bombardeiros, ele seria também engajado pelo outro. O piloto então percebeu que não era páreo para dois Stukas e tentou esticar uma reta para abrir espaço entre ele e os alemães. Mas Sipoli já estava muito “dentro” dele e “largou o dedo”. A carcaça do Tempest até que agüentou, mas não o suficiente. Ele esfumaçou e inclinou para a esquerda. O americano bem que tentou pular, mas o combate fora muito perto do chão. Klaus, de canto de olho, só viu um forte clarão vindo do solo, depois ouviu um grito.




– Eu peguei, eu peguei...
– Boa, Sipoli!
– Ele caiu, ele caiu, ele caiu...
Repentinamente, o silêncio na escura garagem foi interrompido pelo toque do celular de Eduardo. O som do aparelho afastou todas as lembranças daquela estória. Ele então atendeu rapidamente a ligação.
– Sim, sou eu. Eu entendo, Doutor. Estamos indo agora mesmo, abraços.
Fora uma ligação do médico de seu pai. Às pressas, o casal abandonou a garagem e seguiu para o hospital.
– Como foi que você o encontrou? – sussurrou Ana ao marido.
– Se esqueceu que sou relações públicas do governo? Tenho contatos, meu amor! Contatos! Fiz algumas ligações e descobri arquivos com informações pessoais de vários pilotos da segunda guerra: onde e quando serviram. Pesquisei todos que voaram no esquadrão de papai e descobri o nome completo do seu amigo. Sipoli era só um apelido. Daí foi só ligar para uma organização de ex-combatentes para achar o telefone do velho.
– E ele será que vem?
– Isso nós logo veremos. Mas vamos ficar quietos agora, acho que vai começar.
O padre, em silêncio, entrou na capela e cumprimentou aos familiares e alguns amigos. Em seguida, com os braços abertos, convidou a todos que se reunissem ao redor do caixão.
– Meus irmãos, é com pesar que aqui estamos reunidos para nos despedir desse companheiro que tanto nos trouxe...
– Olhe, amor. Será que é aquele ali? – sussurrou Ana no pé do ouvido de Eduardo.
– Mas é claro que não. A guerra foi há setenta anos, e eles tinham uns vinte e seis anos. Ele deve ter mais de noventa anos, com certeza.
– ...e a sua família nunca se esquecerá da sua luta pela comunidade, da sua luta pela sua cidade, da sua luta pelo seu país...
Ana parecia mais curiosa em conhecer o velho do que o próprio Eduardo. Cuidadosamente, ela escorregava os olhos na multidão em busca de alguém que pudesse se encaixar no perfil de um ex-combatente. Mas o seu falecido sogro era muito popular e tinha muitos amigos de idade. Seria difícil reconhecer o velho entre tantos outros. Eduardo, mais paciente, e de cabeça baixa, ouvia atentamente as palavras do padre.
– ...ele foi para a guerra assim como Jesus foi para a cruz, e ambos agora descansam no paraíso ressuscitados por Deus na vitória sobre a morte...
Então, em meio às palavras do padre, Ana ergueu sua cabeça quando um velho homem de bengala entrou atrasado na capela. O seu movimento chamou a atenção de Eduardo que também olhou na mesma direção que ela.
– Só pode ser ele!
– Sim, também acho. Só pode ser ele.
...e agora, queridos irmãos, vamos dar as mãos para a última oração. Todos juntos, por favor: “Pai nosso que estas no céu, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso reino. Seja feita a Vossa vontade...
Enfim, a reza terminou. Algumas mãos gesticularam o sinal da cruz. Outros apenas choraram. Os mais próximos beijaram o defunto. Os demais, lentamente se afastaram para fora da capela.
Nesse movimento, Ana e Eduardo se aproximaram do velho de bengala.
– Senhor Sipoli?
– Sim. Sou eu, meu jovem. O senhor deve ser o Eduardo. Meus Pêsames!
– Obrigado. Meus pêsames ao senhor também. Está é Ana, a minha esposa.
– Prazer em conhecê-la!
Enquanto se cumprimentavam, o caixão era conduzido para cima do carrinho de ferro. Logo atrás, vieram as coroas que foram colocadas cuidadosamente sobre a madeira muito bem lustrada. Não demorou muito para a procissão começar. Os três, um pouco afastados da multidão, acompanharam todos no mesmo passo.
– Senhor Sipoli, diga-me uma coisa. Vocês foram muito amigos durante a guerra?
– Sim, mas é claro. Não tinha como não ser amigo de seu pai, contador de estórias. Ele era muito engraçado. Nos conhecemos na academia muito antes da guerra.
– Mas e aquele vôo, como terminou? O que aconteceu depois que vocês pousaram.
– Hã, sim. Aquele vôo que você falou no telefonema. Pois bem, depois que o Demônio Listrado se espatifou no solo, eu me juntei ao seu pai. Percebi que o seu gunner estava morto, com meio corpo para fora do avião. Seu pai, ferido e sem rádio, fez sinal de “ok” e seguimos para casa. Tivemos sorte, meu filho. Não fomos mais molestados por nenhum inimigo.
– Mas e depois, vocês foram muito amigos depois.
– Não houve depois, minha filha. Assim que chegamos em território amigo, Klaus fez sinal de que iria pousar de emergência numa estrada. O seu avião vazava combustível, óleo e sangue por todos os buracos na fuselagem. Nos despedimos antes dele seguir para pouso. E então, nunca mais nos vimos. Pousei numa base distante e fui logo remanejado para a fronteira. Dias depois, soube que ele tinha sido resgatado e que iria sobreviver.
– Nossa, que estória! – respondeu Ana surpresa.
– É verdade. Naquele dia, ele salvou a minha vida. E eu tinha de retribuir.
Eduardo, por sua vez, tirou um envelope do bolso e o entregou ao velho, que logo o abriu. Abatido, olhou para a foto por um tempo, passou o dedo sobre a imagem, e segurando as lágrimas, a colocou no bolso da camisa. Sem muitas palavras, se despediu e se virou de costas para ir embora.
– Ele não vai esperar o enterro terminar?
– Não precisa, amor. Já foi demais ele ter vindo aqui hoje.
– Tem razão. Vamos terminar com isso e seguir nossas vidas.
– Sim, amor. Vamos!


FIM.

3 comentários:

  1. Pqp, sem comentário, fez o nível do nosso livro subir mais uns 10 pontos... vou ter que melhorar.

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  2. Vou ser obrigado a escrever um tambem!!!! Ja até pensei como seria, sobre meu ingresso na simulacao virtual, deste o email que recebi do Sipoli para ingressar, treinamentos, etc

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